“Tenho 17 anos. A idade das esperanças e das quimeras, como se diz, e eis que me pus a cantar – as minhas crenças mais puras, minhas esperanças, minhas sensações, todas estas coisas dos poetas: a que chamo primavera”.
Uma primavera! Assim o poeta adolescente Arthur Rimbaud define a juventude. Nesta estação, as flores desabrocham em múltiplas cores e perfumes: um despertar. “Despertar da primavera” – este é o nome da obra do escritor alemão Franz Wedekind dedicada a esta mais delicada das transições.
Sim. A juventude é uma transição em que se opera uma desconexão no sujeito entre seu ser de criança e seu ser de homem ou de mulher. Operação que implica uma escolha decisiva e inédita.
Neste processo de constituição da sua subjetividade, o jovem é convocado a pôr em questão o que lhe foi transmitido e ensinado para, então, constituir algo novo. Portanto, tal como o botão insiste em florescer, a juventude insiste em despertar em um tempo de rupturas e metamorfoses.
Mas, toda transição tem seu preço: é preciso perder algo da criança que foi, para então, despertar-se para este novo tempo. Por isto, a juventude, apesar de bela, pode muitas vezes ser vivida com dor e angústia por confrontar o jovem com algo difícil de suportar, a saber, a falta de uma resposta única que defina o que é ser jovem.
Então, como acolher este ser que atravessa esta delicada e decisiva transição?
Cabe a cada um de nós, no encontro com estes jovens, sermos sensíveis a este impossível de suportar e oferecer espaços onde eles possam tomar posição no mundo a partir um bem dizer seu ser. Que na falta de uma resposta universal sobre o que é ser jovem, cada um encontre lugares em que possa construir sua resposta de modo inédito, único e singular. Assim este despertar será uma primavera!