Esse artigo é um pequeno produto de reflexões clínicas que faço diante da escuta de sujeitos sobre a paternidade.
Nessa escuta, destaco aqui dois pontos concernentes à paternidade. Um deles é o desejo de ser pai e o outro, diz de algo ainda pouco estudado que é a depressão pós paternidade.
Um filho precisa ser inscrito no desejo tanto daquele que decide ser mãe, quanto daquele que decide ser pai. E mesmo que hoje, tanto homens, quanto mulheres, se interroguem e falem sobre esse desejo ou não por um filho, em alguns casos essa pergunta ainda não está colocada.
Neste artigo, que escrevo na semana que antecede ao dia dos pais, vou me ater à paternidade. E trazer uma situação para o debate. Em alguns casos, por exemplo, o desejo por um filho é apenas ou da mulher e não do homem; e em casais homoafetivos apenas de um dos pares e não de ambos. E há no imaginário daquele que deseja (bem como no imaginário social) que quando o filho nascer, nascerá também um pai. Assim, automaticamente, naturalmente. E não é bem assim que acontece. Não se trata de um processo natural, e muito menos automático. Essa é uma das razões pelas quais alguns pais não o conseguem ser para além do que o direito determina: pagar a pensão e “pegar” nos dias determinados pelo juiz. Não conseguem ir além disso nem na responsabilidade, nem no afeto.
Isso nos leva a dois pontos. Primeiramente que o casal precisa junto, conversar e decidir por esse desejo. E caso uma das partes decida que levará a diante a chegada de uma criança a essa família dispensando o desejo da outra parte, terá que estar advertida das consequências disso. Porque não há garantias de que o desejo de ser pai nasce com o nascimento de um filho.