Hoje, peço licença a você, leitor, para trazer para esse espaço uma reflexão pessoal que tenho feito desde o início da pandemia, mas, que nos últimos quase 4 meses se fez presente em todos os meus dias. Tal reflexão gira em torno do que nos diz Guimarães Rosa: “o correr da vida embrulha tudo. Esquenta, esfria. Aperta e depois afrouxa.” Ou seja, sem pausas e sem avisos, alegria e dor se fazem presentes. Há quase 4 meses, minha família vinha lutando contra um câncer muito agressivo que acometeu nossa amada irmã, tia, madrinha, Cida! Nesse mesmo período, comemorávamos a gravidez da minha irmã e aguardávamos a chegada do Murilo, filho dos nossos primos Marlon e Jessi. Nesses quatro meses os primos se revezaram nos cuidados da nossa amada e entre uma troca e outra de turnos, um café, uma prosa, muitas risadas. Até nossas crianças ajudavam a cuidar da dinda! Beijos, abraços, cafunés e penteados, todos cercavam a dinda de afeto.
O correr da vida
Alegria e tristeza tecendo o correr da vida. Até que no dia 20 de setembro, véspera da primavera, nos encontramos todos no hospital. Em um quarto, minha tia ia se apagando lentamente, no outro estava o Murilo que acabava de nascer. Entre lágrimas e sorrisos nos encontrávamos nos corredores enquanto íamos de um quarto ao outro. A vida embrulha tudo num movimento alegre-triste. E que ela quer da gente é coragem! A coragem de, nesse entrelugar, materializado pelo hífen, poder construir sua passagem, sua resposta diante da vida.Murilo chegou cheio de vida! Nossa amada Cida, até o momento de sua partida, dia 22, não desistiu em momento algum! Apesar da morte que há na vida é possível encontrar caminhos, uma brecha que seja e apostar na vida! Até o fim!